segunda-feira, 15 de agosto de 2011

1991, um ano rock: Metallica



Poderia começar dizendo que como um bom vinho, que melhora de qualidade com o passar dos anos, alguns discos adquirem certa aura especial ao sabor da correnteza do tempo e que a distância entre o presente o passado só nos faz aumentar a lucidez do reconhecimento da grandeza das obras primas do passado.

Mas não. Prefiro pizza.

Como uma bela pizza amanhecida, certos discos de ontem soam ainda hoje sensacionais. É uma ideia do tipo "se hoje já é bom, imagina quando tava quentinho".

E em 2011 completa-se 20 anos de lançamentos de alguns álbuns clássicos do rock. Era uma época em que já se questionava se o velho rock'n roll não estaria se esgotando. Não amigo, hoje podemos citar vários discos importantes lançados em 1991. Escolho quatro. Vamos ao primeiro, o disco "Metallica" da banda de thrash metal de mesmo nome, mas popularmente conhecido como "álbum preto".

O lançamento deste disco catapultou o Metallica a um novo patamar. Vinda de uma das vertentes mais rápidas e pesadas do metal, a banda conseguiu domar seu som num formato em que as canções não perderam o vigor e a ferocidade dos discos anteriores, mas adquiriram também um aspecto mais comercial.

É um caso raro de disco de metal que tem capacidade de agradar tanto a fãs do "gueto" quanto a ouvidos pouco acostumados com este gênero. A banda nunca mais conseguiu criar este mesmo efeito em um disco inteiro.

Duas baladas potentes e épicas fizeram o Metallica entrar nas FMs. São elas "The Unforgiven" e "Nothing Else Matters", canções de instrumental refinado, como se fossem o vitorioso ponto de chegada de um caminho experimentado em canções de discos anteriores, como "Welcome Home (Sanitarium)" e "Fade to Black". Por causa das baladas deste álbum preto é possível que seu pai e sua avó tenham ouvido falar do Metallica. Canções singelas que se transformam em pedradas são uma das qualidades desta banda.

Destaco outra duas canções deste disco que também foram sucesso nas rádios rock da época. São elas "Sad But True" e "Enter Sandman". Aqui o bicho pega! É peso do início ao fim, belos exemplos do poder do heavy metal. A pirotecnia de "Enter Sandman" é tradicional nos shows do Metallica até hoje. A letra falando de pesadelos e dragões de fogo que vão te pegar fica ainda mais divertida com o vocal alucinado e paranoico de James Hetfield. Clássico. É uma música calculada para incendiar estádios e grandes arenas.

A diferença para o que banda fazia até então é que trocaram as palhetadas thrash em alta velocidade por uma base mais cadenciada, mas cheia de feeling. Acredito na competência de uma banda de metal quando conseguem fazer uma música lenta porém pesada como uma cachalote. Irresistível. O disco tem mais exemplos desta fórmula, como "Don't Tread On Me" e "The God That Failed".

Este discos tem ainda vários outros aspectos como a introspecção das letras de Hetfield, o conturbado processo de gravação e a polêmica que resiste até hoje. O álbum preto é meio que um divisor entre os fãs da fase antiga do Metallica e os que gostam do material lançado daí em diante.

Por fim, ao lado do álbum branco dos Beatles, este álbum preto do Metallica forma a dupla monocromática que está na coleção de quem gosta de rock. Uma metade é pureza e contemplação. O lado negro é peso e paulada.

A série sobre 1991 segue com discos clássicos de Nirvana, Ozzy Osbourne e Red Hot Chili Peppers lançados naquele ano. Até lá!

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