Nesta semana começa o Festival de Verão de Mogi das
Cruzes e uma das atrações é a Orquestra Filarmônica do Sesi, regida pelo
maestro João Carlos Martins. Ele volta à cidade poucos meses após se apresentar
durante o aniversário de Mogi no ano passado.
Fui nesta apresentação e fiquei impressionado com a
figura do maestro. O cara parece que saiu de um desenho animado. Ele tem cara de
maestro - e daqueles loucos. A gente não entende nada, mas ele sacode a cabeleira
com tanto drama e tem uma certa aura de mártir da música clássica, que não
passa despercebido.
Pianista atingido por uma cruel paralisia nas mãos, João
Carlos Martins percorre o mundo contando sua história de superação. Já foi da
novela das nove às principais salas de concertos do mundo.
Em certo momento, o maestro fica sozinho ao piano. É
dramático assistir suas mãos retorcidas martelando as teclas, tirando sons delicados,
em um ritmo cadenciado. Sentado ali, meio envergado, ele parece ter 400 anos de
sabedoria e persistência.
Em outro momento, ele atende o celular antes de uma
entrevista, ainda sem público no auditório do Cemforpe. “Pois não, meu amor...”
e conversa com doçura.
Em meio a um concerto cheio de peças tristes, uma prosa e
outra com o público, chega o grande momento. Na última música, a orquestra toca
“Trem das Onze”. O público canta junto, é emocionante. No meio da canção, o
maestro fica de costas para a orquestra e rege o a plateia, é uma só voz de
força e saudade.
Antes disso, houve um workshop com o maestro. Uma
orquestra jovem da cidade tocou duas músicas. Dava pra ver que a regente e os
músicos não cabiam em sai de alegria para se apresentar ao grande maestro. Nem
por isso ele foi menos crítico. A primeira coisa que disse foi “a afinação
precisa ser um obsessão...”.