terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Drama clássico


Nesta semana começa o Festival de Verão de Mogi das Cruzes e uma das atrações é a Orquestra Filarmônica do Sesi, regida pelo maestro João Carlos Martins. Ele volta à cidade poucos meses após se apresentar durante o aniversário de Mogi no ano passado.

Fui nesta apresentação e fiquei impressionado com a figura do maestro. O cara parece que saiu de um desenho animado. Ele tem cara de maestro - e daqueles loucos. A gente não entende nada, mas ele sacode a cabeleira com tanto drama e tem uma certa aura de mártir da música clássica, que não passa despercebido.

Pianista atingido por uma cruel paralisia nas mãos, João Carlos Martins percorre o mundo contando sua história de superação. Já foi da novela das nove às principais salas de concertos do mundo.

Em certo momento, o maestro fica sozinho ao piano. É dramático assistir suas mãos retorcidas martelando as teclas, tirando sons delicados, em um ritmo cadenciado. Sentado ali, meio envergado, ele parece ter 400 anos de sabedoria e persistência.

Em outro momento, ele atende o celular antes de uma entrevista, ainda sem público no auditório do Cemforpe. “Pois não, meu amor...” e conversa com doçura.

Em meio a um concerto cheio de peças tristes, uma prosa e outra com o público, chega o grande momento. Na última música, a orquestra toca “Trem das Onze”. O público canta junto, é emocionante. No meio da canção, o maestro fica de costas para a orquestra e rege o a plateia, é uma só voz de força e saudade.


Antes disso, houve um workshop com o maestro. Uma orquestra jovem da cidade tocou duas músicas. Dava pra ver que a regente e os músicos não cabiam em sai de alegria para se apresentar ao grande maestro. Nem por isso ele foi menos crítico. A primeira coisa que disse foi “a afinação precisa ser um obsessão...”.