terça-feira, 21 de abril de 2015

Tira o Tiradentes daí!



Hoje é 21 de abril. Em uma terça-feira, a maioria de nós rumina em casa o sabor de um domingo extra no meio da semana.

Feriados são homenagens, brechas no nosso calendário para celebrar algum fato marcante na história do país. Teoricamente, não trabalhamos porque iríamos festejar a glória da Inconfidência Mineira, capitaneada pela figura heroica de Tiradentes. Na prática, estamos colocando o sono em dia.

Algo me intriga na extensa programação brasileira de feriados nacionais. Todos são referentes a acontecimentos mais que centenários em nossa história. À parte os religiosos - Corpus Christi, Sexta-Feira Santa, Dia de Nossa Senhora Aparecida, Natal - e os culturais - Carnaval, Dia do Trabalho -   temos os feriados históricos, reservados para a Independência, Proclamação da República e Tiradentes.

Eu trocaria o feriado de Tiradentes por algum que lembrasse a redemocratização do Brasil. A sociedade que somos hoje começou com a queda do regime militar no meio dos anos 80 e a fundação da Nova República. É estranhíssimo que não tenhamos um feriado para dar a essa fase de nossa história sua devida importância. Poderia ser o 25  de janeiro para marcar a maior manifestação das Diretas Já ou manter o 21 de abril, mas em memória à morte de Tancredo Neves - para os mineiros não ficarem bravos.

Vou deixar essas especulações para amanhã, essa quarta-feira disfarçada de 2ª segunda-feira dessa semana.


quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Surpresas no meu bolso


Estou no trabalho. Estou na rua. Estou almoçando. Estou vendo televisão. Coloco ao mão no bolso. Tem algo ali, é um lacinho de cabelo. De menina.

Isso aconteceu com muita frequência em 2014. Os lacinhos são de muitas cores: tem rosa, laranja, azul, branco. De borboleta, da Minnie, de coelhinho. São todos da Sofia e foram parar no meu bolso depois de cair do cabelo. Quantos não tirei da boca dela? Meio desesperado, com medo da menina engolir?

Na verdade o nome desses negocinhos não é lacinho. Em casa a gente chama de baratinha. Mas parece que o nome certo é tic-tac.

Não era acostumado com essas presilhinhas até 2014 chegar, assim como não sabia preparar uma mamadeira, trocar fralda e dar banho em bebê. Também não sabia que dar mamadeira e emendar com uma chupeta é tiro e queda para fazer a criança dormir.

Foi a chegada da Sofia que me fez aprender tudo isso,

O ano começou com berço encaixotado e roupinhas esperando um bebê e terminou com uma criança enlouquecida, subindo nos sofás da sala e quebrando os enfeites de Natal.

Uma criança que não para um minuto sequer. Brinca com tudo, coloca as coisas na cabeça. Corre, cai, levanta. Pega as coisas do chão e traz para mim.

Sofia não quer comer e tenho que sair andando atrás dela com a colher na mão. Depois de jogar um controle remoto e meu celular no chão e tentar enfiar um tubo de pomada na boca, ela tira a baratinha do cabelo. A menina precisa comer. Continuo tentando.

Quatro dias depois, encontro a baratinha no meu bolso. Sinto saudade. Te amo, Sofia.