Ela
tem quase cinco anos de idade, é esperta, curiosa e não para quieta um minuto.
Adora abraços e até dá beijos, mas morre de medo de ovelhas. Essa é Lívia, uma
macaca-prego criada por um casal de adestradores de Boituva que está fazendo
sua estreia no cinema nacional.
Lívia
gravou participação especial no filme infantil “Detetives do Prédio Azul 3”,
que chega em dezembro aos cinemas. O filme é o terceiro originado da série de
grande sucesso produzida pelo canal fechado Gloob.
“As
cenas em que ela participa são de transformação. Alguns personagens são
transformados em bichos. No filme, ela atende e desliga o telefone. Ensaiamos
em Boituva o que ela iria fazer e as gravações aconteceram no Rio de Janeiro,
em agosto”, conta a adestradora Fabíola Hiller.
Fabíola e o marido, o também adestrador Eduardo Hiller, vivem com Lívia e outros
animais no Hotel Fazenda Para Cães, instalado numa chácara no bairro Recanto
Maravilha. O local conta com galinhas, galos, cabritos e um ganso que também
faz uma ponta no filme, o Mimoso.
Tratamento de estrela
Fabíola
conta que Lívia roubou as atenções da equipe envolvida nas gravações. Atores,
cinegrafistas e técnicos estavam curiosas para ver a pequena estrela em ação.
A
parte mais difícil foi contracenar com uma ovelha, bicho que Lívia tem medo. “Eu já
tive ovelha e a Lívia não gostava, tinha medo. Na gravação a Lívia teve um
pouco de dificuldade quando a ovelha estava junto. Eu comentei isso com a
diretora e ela disse ‘vamos gravar separados’. Foi legal porque houve respeito.
Eles respeitam as limitações e sabem até onde podem ir”, conta Fabíola.
Lívia
e os outros animais tiveram todo o suporte nas gravações. “A gente está lá para
minimizar ao máximo o desconforto do animal por estar em um ambiente diferente
e sob um certo estresse. Tem ainda uma veterinária que fica o tempo todo para
preservar a saúde dos animais. Caso algum passe mal, ela está pronta para dar
assistência. Você se sente amparada”, continua a adestradora.
Presença em eventos
Lívia
vem do único criadouro legalizado de macacos-prego do Brasil, localizado em
Xenxerê, Santa Catarina.
Fabíola
conta que ela foi escalada para fazer o filme por ser um animal muito dócil e sociável,
que vai com facilidade no colo das pessoas.
Essa
sociabilidade torna Lívia a grande atração dos eventos em que participa, pois
ela também é contratada para fazer visitas em festas de aniversário e escolas.
Fabíola
conta que as crianças são muito curiosas. “Elas ficam surpresas em saber que o
macaco não vive só de banana e que ele não faz só ‘uh-uh’, tem várias
vocalizações. Elas perguntam ‘tia, o que ela tá falando?’ e eu explico o que quer
dizer cada vocalização da Lívia”, diverte-se.
Macaco legal
Apenas
duas espécies de pequenos primatas podem ser comercializadas no Brasil, o sagui
e o macaco-prego – as únicas autorizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama).
A
adestradora reforça a importância de adquirir o animal pelos meios legais. “Eles exigem um espaço grande para terem
qualidade de vida. Se o macaco for confinado em uma gaiolinha, fica todo
atrofiado, cheio de manias; alguns se automutilam e desenvolvem problemas
comportamentais sérios”, alerta.
Fabíola conta que são as semelhanças entre o humano e o macaco que tornam esse contato tão especial. “O macaco tem a digital como a gente, a unha é igual à nossa, assim como as orelhas. É um bicho super amoroso e também muito próximo do que é o ser humano”, conclui.