quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Quer ver uma coisa que você não sabe?



A girafa tem um pescoção porque é o bicho mais curioso que existe. 


De tanto espichar o pescoço entre as árvores acabou esticando, esticando até ter uma visão privilegiada do alto, onde pode saber da vida de todos os animais. 


Dali ela vê com quem anda a zebra, onde se esconde o leão, enxerga o banho de sol do crocodilo e está perto do voo dos pássaros.


Muitos não sabem, mas o leão tem a sua juba por causa do carneiro. 


Pois é. 


Ele vivia se queixando do frio e batia as presas no vento gelado que cortava a savana no inverno.


Como o leão é o rei da selva, era o único bicho que poderia comprar um belo casaco. Pois foi que ele chamou o carneiro, o bicho mais agasalhado que existe, e pediu o contato do seu estilista.


E não é que o leão levou um casaco sob medida e muito estiloso? 


Veja só, ele cobre apenas a cabeça, o pescoço e o peito. O suficiente para cortar o vento e aquecer o sangue no inverno, mas sem esquentar demais o corpo no verão africano. 


As pessoas acham que a juba é a coroa do rei da selva e ele, vaidoso como é, deixou acreditarem.


Já a zebra é o bicho mais sonso que tem. Quando convém ser preto, é preto, quando convém ser branco, é branco. 


A zebra entrou na faculdade pelo regime de cotas, diante do olhar incrédulo de toda a savana. 


Na cara de pau, mandou seu nome para o clube de camuflagem na neve sob a alegação de que é 50% branca, o que lhe valeria meia vaga. 


A zebra se realizou mesmo quando conheceu o urso panda e finalmente encontrou um amigo que vive os mesmos dramas. 


E o tucano, sabe por que ele tem um bicão? Você não vai acreditar. 


Você sabe que o que o tucano mais gosta de comer são sementes, né? E você sabe que na floresta inteira o único bicho que tem mais habilidade para sair catando sementes das frutas por aí é o macaco, certo?


E o que macaco mais gosta de comer? Isso mesmo! E o bico do tucano parece o que? Pois então.


Poucas pessoas sabem, mas tucanos e macacos desenvolveram uma relação de cumplicidade ao longo do tempo. 


Quando um macaco vê um tucano ele sai maluco de galho em galho abrindo as frutas e catando todas as sementes que puder. 


Então ele despeja diante do tucano aquela montanha de sementes e o amigo emplumado em troca entrega a enorme banana que carrega no bico como se fosse uma lancheira. 


Essa curiosa parceria entre macacos e tucanos foi descoberta recentemente e os estudos iniciais finalmente compreenderam porque tantos tucanos fazem ninhos ao lado de bananeiras. 


Mas isso agora você já sabe.



sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Um fim


Ela estava tranquila enquanto caminhava para a morte. A aceitaria com resignação. Estaria livre, finalmente. Livre de toda a dor e finalmente livre das injustiças que sofreu.

Caminhou pelo cadafalso docemente. Ajoelhou-se, mãos amarradas para trás. Deitou o tenro pescoço onde tinha que deitá-lo. Fechou os olhos. Não sentiu o golpe mortal. Sua cabeça se aninhou quase suavemente no cesto a sua frente. Sangue. Estava acabado.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

No escritório


Ele observava os dedos fazerem movimentos rápidos, voando sobre as teclas e apertando numa velocidade que seus olhos mal podiam acompanhar. E o barulho insistente, tec-tec-tec. Uma sinfonia que penetrava nos ouvidos e tomava o ritmo de música eletrônica, acachapante.

Mas ele não tinha vontade de dançar. Não. Ele sentia que seus dedos não foram feitos para movimentos tão finos e coordenados. Eles estavam acostumados a ser parte de um sistema mais rude, dedos fortes que carregam a enxada, dedos grossos de calos de tanto trabalhar a terra. Tardes intermináveis com seu pai na roça plantando de tudo e carpindo, carpindo sem parar.

Agora não, agora ele estava ali, numa sala fechada no meio de computadores, com uma oportunidade na mão e muita saudade no coração. Seus dedos ainda estão calejados e seu coração sente o chamado de lá fora, do ar fresco, do mato. Saudade de tomar água na beira do riacho e de chupar manga depois do almoço.

Tudo isso ficou para trás. O pai morreu e o tio o levou para a cidade dando este novo emprego de auxiliar administrativo. Ali não tinha mais enxada, tinha computador, não tinha mais manga no pé, tinha mouse. O café era de uma máquina barulhenta e tinha gosto de sola de sapato. As meninas eram bonitas, mas isso não lhe despertava o interesse, apenas o deixava mais acanhado com tudo.

Suava frio. Após uma rápida explicação, lhe deram o primeiro documento para digitar. Os dedos não voaram em um balé coordenado, foram lentos caçando cada letra, chuviscos espaçados que demoraram a preencher o papel virtual daquela tela luminosa que o incomodava com sua claridade. Seu tec tec ia assim, como quem catava milho com as pontas dos dedos, e disso ele entendia porque na roça eles tinham galinha e desde criança ele gostava de chamá-las jogando o milho na terra.

Sentia os dedos duros, reclamando daquele trabalho tão pesado de voar sobre as teclas. Doeu até os pulsos. Não percebeu a ironia da situação, de como largou o trabalho braçal no campo, que para ele, se era sofrido, também era tão natural, e caiu na provação cruel de um escritório. Não reclamou. Pensou, “amanhã vou trazer uma manga”.


quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Macaca “boituvense” participa de filme infantil “Detetives do Prédio Azul 3”


Ela tem quase cinco anos de idade, é esperta, curiosa e não para quieta um minuto. Adora abraços e até dá beijos, mas morre de medo de ovelhas. Essa é Lívia, uma macaca-prego criada por um casal de adestradores de Boituva que está fazendo sua estreia no cinema nacional.

Lívia gravou participação especial no filme infantil “Detetives do Prédio Azul 3”, que chega em dezembro aos cinemas. O filme é o terceiro originado da série de grande sucesso produzida pelo canal fechado Gloob.

“As cenas em que ela participa são de transformação. Alguns personagens são transformados em bichos. No filme, ela atende e desliga o telefone. Ensaiamos em Boituva o que ela iria fazer e as gravações aconteceram no Rio de Janeiro, em agosto”, conta a adestradora Fabíola Hiller.

Fabíola e o marido, o também adestrador Eduardo Hiller, vivem com Lívia e outros animais no Hotel Fazenda Para Cães, instalado numa chácara no bairro Recanto Maravilha. O local conta com galinhas, galos, cabritos e um ganso que também faz uma ponta no filme, o Mimoso.

Tratamento de estrela
Fabíola conta que Lívia roubou as atenções da equipe envolvida nas gravações. Atores, cinegrafistas e técnicos estavam curiosas para ver a pequena estrela em ação.

A parte mais difícil foi contracenar com uma ovelha, bicho que Lívia tem medo. “Eu já tive ovelha e a Lívia não gostava, tinha medo. Na gravação a Lívia teve um pouco de dificuldade quando a ovelha estava junto. Eu comentei isso com a diretora e ela disse ‘vamos gravar separados’. Foi legal porque houve respeito. Eles respeitam as limitações e sabem até onde podem ir”, conta Fabíola.

Lívia e os outros animais tiveram todo o suporte nas gravações. “A gente está lá para minimizar ao máximo o desconforto do animal por estar em um ambiente diferente e sob um certo estresse. Tem ainda uma veterinária que fica o tempo todo para preservar a saúde dos animais. Caso algum passe mal, ela está pronta para dar assistência. Você se sente amparada”, continua a adestradora.


Presença em eventos
Lívia vem do único criadouro legalizado de macacos-prego do Brasil, localizado em Xenxerê, Santa Catarina.

Fabíola conta que ela foi escalada para fazer o filme por ser um animal muito dócil e sociável, que vai com facilidade no colo das pessoas.



Essa sociabilidade torna Lívia a grande atração dos eventos em que participa, pois ela também é contratada para fazer visitas em festas de aniversário e escolas.

Fabíola conta que as crianças são muito curiosas. “Elas ficam surpresas em saber que o macaco não vive só de banana e que ele não faz só ‘uh-uh’, tem várias vocalizações. Elas perguntam ‘tia, o que ela tá falando?’ e eu explico o que quer dizer cada vocalização da Lívia”, diverte-se.

Macaco legal
Apenas duas espécies de pequenos primatas podem ser comercializadas no Brasil, o sagui e o macaco-prego – as únicas autorizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama).

A adestradora reforça a importância de adquirir o animal pelos meios legais.  “Eles exigem um espaço grande para terem qualidade de vida. Se o macaco for confinado em uma gaiolinha, fica todo atrofiado, cheio de manias; alguns se automutilam e desenvolvem problemas comportamentais sérios”, alerta.

Fabíola conta que são as semelhanças entre o humano e o macaco que tornam esse contato tão especial. “O macaco tem a digital como a gente, a unha é igual à nossa, assim como as orelhas. É um bicho super amoroso e também muito próximo do que é o ser humano”, conclui.

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Artista boituvense lança revista de personagem inspirado no universo dos super-heróis


Atormentado, Cover busca respostas em HQ de José Amorim Neto

Um homem comum é sequestrado, passa por uma sinistra experiência em laboratório e acorda preso em um traje que lhe dá superpoderes. Com uma nova identidade, ele sai numa caçada pelo responsável por seus tormentos. Esta é a história de Cover, personagem criado pelo artista boituvense José Amorim Neto e lançado em quadrinhos de forma independente em julho.

Aos 23 anos, desenhando desde a infância, o jovem quadrinista conta que o personagem foi inspirado em uma série de referências do universo dos super-heróis. “Juntei uma gama de coisas que eu gosto e formei a ideia”, conta Amorim.

Herói ou anti-herói?
Os fãs de HQ vão se lembrar de personagens como Wolverine e Venom. Na trama, conhecemos a história de William Banks, um sujeito sem muito brilho que é raptado por um misterioso cientista e torna-se cobaia de seus experimentos.

Revista tem periodicidade mensal e está à venda pela internet

Ele se vê revestido por um traje que é uma espécie de tecido vivo. O “uniforme” lhe dá força e resistência extras, além de ter uma capa com uma espécie de vida própria. Ela pode aumentar ou diminuir de tamanho e tem a capacidade de desviar balas se o herói for alvo de tiros.

Assim, William Banks torna-se Cover, um super-herói atormentado que quer a todo custo encontrar quem fez isso com ele.

“Ele se vê com o traje e não consegue removê-lo. Foi tudo muito rápido e ele só tem flashes da cena. A história se desenvolve na busca em voltar a ser o que era antes. O Cover é um cara que não quer ser incomodado. Ele tem algumas características de anti-herói, mas não chega a ser totalmente um”, explica o autor. A história se passa na cidade fictícia de Monte Cruz.

Quadrinista José Amorim Neto desenha desde a infância

Cover, que significa “capa” ou “cobertura” em inglês, é uma referência ao traje superpoderoso do herói.

Com periodicidade mensal, a revista do Cover pode ser adquirida via assinatura no site catarse.me/cover ou em edições avulsas no site da editora Fábrica. Cada edição tem 24 páginas coloridas e custa R$ 15,00 com frete incluso.

Graduado em Artes Visuais, José Amorim Neto também é professor. Cover está nas redes sociais, no Instagram (@oficial_cover) e no Facebook (facebook.com/oficialcover)

Cover busca respostas na primeira edição de sua revista

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Donald Trump é uma tragédia.

Donald Trump é uma tragédia.

Sim, isso é o irreal acontecendo.

É o 7 x 1 americano.

Acho que agora os gringos agora entendem porque o futebol é tão importante para nós.

E isso vai além de José Serra apelar para Didi (o jogador, não o Renato Aragão)  para explicar que "jogo é jogo e treino é treino".

A chegada de Donald Trump à Casa Branca... Santo Deus, parece um episódio de South Park. É difícil de acreditar.

E eu acredito que ele não vai completar o mandato. Algo vai acontecer. Ele vai se enforcar com a própria corda. Seja um impeachment, uma renúncia ou algo mais... É como Adriano, o Imperador (outra comparação com o futebol) de velhice não vai morrer.


domingo, 6 de março de 2016

Negócio da China que nada


Meu Coringão levou ferro hoje. Tudo bem que era o time reserva de uma equipe que está tentando encontrar sua cara pra 2016. Sem maior prejuízo. O que queria falar era sobre Ricardo Oliveira, 35 anos, 2 gols na partida. Durante a semana, esteve com um pé e meio fora do Santos, seduzido pela proposta de ganhar 1 milhão de reais por mês de um timeco da China. Eu disse PARA GANHAR 1 MILHÃO DE REAIS POR MÊS. O velhinho estava doido para ir. Como sabemos, o presidente do Santos não deixo pq queria que o clube recebesse uma proposta melhor. Fico pensando como seria o fim de semana chinês de Ricardo Oliveira. Hoje, num domingão de sol, venceu de lavada um clássico no estádio lotado. Aquele segundo gol foi coisa de Messi. Com um toque deixou o zagueiro beijando o chão. Com dois toques deu uma cavadinha. Lindo demais. Na China, o velho Oliveira ia ganhar um milhão pra jogar pra ninguém. Jogando no Brasil, é o 9 da Seleção e manchete em todos os lugares. É ídolo da molecada. O que vale mais?