terça-feira, 27 de maio de 2014
Jogo de palavras
A crise da água paulista trouxe à tona um problema de vocabulário para Geraldo Alckmin. Conforme as torneiras secam, aumenta o contorcionismo linguístico do governo para amenizar a situação.
Veja, uma especulada multa para quem consumir acima do habitual foi chamada pelo governador de sobretaxa. Quem mora na região metropolitana sabe que tem dia e hora certa para faltar água. Mas o que acontece não é um racionamento e sim uma intermitência no abastecimento, conforme a Sabesp. Tá bom.
Isso me fez lembrar que outras coisas já não se chamam mais como eu aprendi.
As pessoas não morrem mais de derrame. Têm um AVC. O doce que o pequeno Pedro chamaria de bolinho, hoje tem o nome de cupcake. Talvez digam que cupcake não é um bolinho diferente, mas sim diferenciado, que é o diferente especial.
Favela virou comunidade. Deficiente virou portador de deficiência. Valesca Popozuda tirou da obscuridade um termo psiquiátrico - recalque - e o colocou como substituto de inveja no Aurélio das ruas.
Por mais que algumas coisas mudem ao sabor do gosto do povo, outras palavras permanecem amarradas para sempre numa mesma expressão.
A távola sempre será redonda, a meada sempre vai ter um fio (às vezes perdido). Quem não tem eira, também fica sem beira.
A resposta estaria nas gavetas do engavetamento?
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