quinta-feira, 8 de maio de 2014

De Pato pra Ganso


O São Paulo acabou sendo o time que emprega duas decepcionantes ausências na lista dos convocados para a Copa do Mundo de 2014. Alexandre Pato e Paulo Henrique Ganso perdem sua segunda Copa consecutiva. Culpa deles próprios.

No caso de Pato, dá para traçar um paralelo com Neymar. O santista teve tempo de provar seu talento, indo além das jogadas impressionantes. Ganhou títulos, conquistou a Libertadores e foi sempre o protagonista. Mesmo que nunca mais venha a jogar pelo Santos, já cravou seu nome na história do clube. Foi para a Europa quando não havia mais degrau para subir no Brasil.

Já Pato foi alçado à condição de super-craque graças fazendo menos de 30 partidas pelo Internacional. Não teve tempo para liderar uma campanha longa que resultou num título.

Na Itália, as sucessivas lesões minaram sua frequência em campo e o tiraram da Copa da África do Sul, em 2010. Fatalidade.

Corta para o Ganso.

Sua visão de jogo, passes precisos, dribles curtos e muita categoria o alçaram à condição de melhor meio-campista do país.

Dunga foi infernizado para levar a dupla Neymar-Ganso para a África. Muitos garantiam que ao menos a presença de Paulo Henrique era fundamental. Ganso não foi convocado e perdeu sua primeira Copa.

Enquanto boa parte do brilho de Neymar no Santos se deve ao fato dele não ter se machucado, Ganso ficou mais de seis meses parado após romper os ligamentos do joelho. Vejo esse fator como determinante em sua carreira, pois foi ali que perdeu sua regularidade no rendimento.

Sentindo-se desvalorizado diante dos privilégios de Neymar, Ganso foi para o São Paulo  - um plano B onde teria mais espaço e o status de grande contratação. Saiu brigado com a torcida santista e com o futebol em baixa,

Volta para Pato.

O momento decisivo na carreira de Pato foi sua decisão de trocar a Itália pelo Corinthians. Arriscado, pois o esquema tático de Tite não tinha espaço para ele e seu perfil era muito diferente do jogador raçudo e brigador que faz o gosto da torcida.

Deu a lógica: sua passagem pelo Parque São Jorge foi marcada pela displicência e falta de comprometimento. 

Mostrou deficiência em fundamentos, perdeu muitos gols, se escondia entre os zagueiros... A inaceitável cavadinha defendida por Dida foi o retrato acabado do jogador que se coloca acima do grupo e cultiva a pose. Nada podia ser pior diante dos olhos de Felipão.

Desmoralizado, Pato foi para onde deveria ter ido antes, o São Paulo. Visivelmente mais à vontade, tenta encontrar seu bom futebol, mas é tarde demais.

No Morumbi encontrou um Ganso que há um ano tenta provar que é mais do que uma miragem do passado. Está difícil com o ritmo de uma jogada boa a cada três jogos ruins. Seu estilo de jogo refinado hoje é visto como lento e o jogador - claramente orientado por seus agentes - tenta desviar o foco dando entrevistas em que se diz acima da média e criticando o esquema do treinador. Deprimente.

"De Pato para Ganso", assim como no infame trocadilho, nada muda no destino dos jogadores, apesar das histórias diferentes. Tinham tudo para ser titulares nesta histórica Copa, mas morreram abraçados. Quem sabe na próxima...

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