Felipão já convocou seus jogadores, mas para mim ainda
falta o Fred para fechar a seleção. Sua vaga está lá esperando. Se a 30 dias da
Copa ainda tem estádio em obras, Dilma já pode me escalar na reforma ministerial:
vinha completando uma arena por semana até outro dia, mas aí a grana para as
figurinhas acabou. “Nada que prejudique a #CopadasCopas”, postaria nossa
presidenta-competenta.
A febre do álbum da Copa me parece um oásis de entusiasmo
num deserto de desilusão neste mês que precede o Mundial. Não é preciso repetir
aqui as razões para a má vontade – ou mesmo raiva – com a Copa. As manchetes
dão replays dos gols contra administrativos todos os dias.
Porém, percebo que o colecionismo das figurinhas se
conectou com um amor pelo futebol que temos dentro de nós e que vem antes do
ódio pelos maus governos. Mais que isso, os pacotinhos de cinco adesivos por 1
real conseguiu nos fazer curtir, comentar e compartilhar com os amigos no modo
offline e carne e osso.
Me surpreendi em ver o volume de pessoas se divertindo em
colar fotos num catálogo de papel. Por um momento, deixamos de ser essas criaturas
hiperdigitais do 3º milênio para curtir um hobby tão velho quanto o Zagallo..
Porém, ainda não vejo as ruas pintadas de verde e amarelo. Poucos
comércios estão enfeitados. Muitos se limitam a exibir na parte da frente suas
cornetas e outros apetrechos à venda para torcedores. O cima de Copa custa a
nascer.
Há sete anos a Copa era vista pelo governo e imprensa
como uma vitrine do Brasil para o mundo. Mostraríamos a força de um país
que deixava a lama rumo ao Olimpo do planeta.
E não é que eles estavam certos?
A Copa serve como vitrine sim, mas para mostrar para o mundo
aquilo que já conhecemos: incompetência para entregar o que é prometido,
superfaturamento e descaso com as necessidades básicas do povo.
Essa vai ser a Copa do “estádios e olhe lá”. O torcedor
estrangeiro pode esperar o que o brasileiro tem: um lugar para sentar a bunda e
ver o jogo. Vai ser trânsito para chegar, para sair, fila, falta de informação,
comida cara. E dê-se por satisfeito.
Ah sim, e o legado da Copa? Um álbum com figurinhas de estádios
em obras para guardar de recordação.
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