quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Sarney, o pior cabo eleitoral

A cena tem um peso simbólico tão amplo que é difícil dar a dimensão.

José Sarney, 80 e tantos anos, terno claro, peito coberto por adesivos de Dilma Rousseff, se aproxima da urna eletrônica para o sagrado momento do voto.

Estica o indicador, sobrevoa a tecla 1, ameaça digitar um 13. Hesita. Desce um pouco e não tem dúvida: 45 e confirma. Deixa a cabine de votação com aquele ar de velhinho de asilo, que não percebeu que guardou o controle remoto na geladeira.

A cena foi captada pela câmera de TV. Assim, meio de lado, como quem não quer nada, a lente pegou o ex-presidente no pulo.

O que dizer um cacique do tamanho de Sarney? Apoia fulano, mas vota em beltrano? Não dá para dizer nada, estava com a cueca na mão. Vem a confirmar sua carreira de falcatruas e desmandos.

E a câmera que gravou a cena? O voto não é secreto e inviolável, mesmo o de um canalha como José Sarney?.

Em seu último ano de vída pública, fica sendo essa a despedida de uma criatura política que como um corvo, uma lagartixa, uma ratazana, se alimentou nas sombras da história brasileira.


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