O episódio envolvendo o atacante Diego Costa expõe mais um
pouco de uma realidade no futebol brasileiro: a fuga cada vez mais precoce de
talentos.
Observando os jogadores da seleção de hoje, ninguém se lembra de David Luiz ou Hulk disputando o Campeonato Brasileiro. Você saberia de onde saiu Dante e Luis Gustavo sem olhar no Google? Todos foram para fora ainda antes de se consolidarem como destaques do futebol nacional.
Mesmo caminho tomou o forte goleador sergipano, que ainda
adolescente deixou o futebol brasileiro à Europa. Buscando seu lugar em times
médios de Portugal e Espanha, deslanchou vestindo a camisa do Atlético de
Madrid – é o atual artilheiro do Campeonato Espanhol e destaque dos colchoneros
há mais de uma temporada.
Nos últimos dias, viu-se diante de um dilema. Ser mais um
ilustre desconhecido com a amarelinha ou aceitar o convite para representar o
país que o viu nascer para o futebol? Tomou uma atitude corajosa e coerente.
Vai defender a Fúria.
Penso que, talvez, por pouco o Brasil poderia ter perdido
Neymar numa jogada parecida. É conhecida a história de que quando o garoto
tinha 14 anos foi levado para conhecer o Real Madrid, que queria contratá-lo.
Seja por saudade de casa ou por qualquer maquinação de bastidores o futuro
craque – e, principalmente, seu pai – recusaram a oferta e ele voltou a Santos.
Poderia hoje ser um espanhol nascido em Mogi das Cruzes e uma das principais
esperanças da seleção europeia para conquistar o bi mundial.
Neymar e sua equipe souberam administrar bem a “ansiedade”
em levar o mais ousado & alegre jogador brasileiro para a Europa. Primeiro,
ele fez história no Peixe se impondo como gênio da bola. Fora de campo gravou
demoradamente a imagem de popstar nas retinas de fãs, patrocinadores, mídia.
Foi embora quando já não havia mais degrau a alcançar dentro do país – pelo menos
não individualmente.
Diego Costa não teve a mesma sorte. Com a camisa do
Brasil, mesmo que artilheiro do espanhol, seria visto como mais um Hulk.
Da última convocação, outros nomes seguem a tendência
sucesso/anonimato.
Responda rápido, corintiano: quem foi o campeão da
Libertadores 2012 com a 10 nas costas? Foi Marquinhos, o juvenil zagueiro que
herdou inscrição de Adriano, dispensado. Sem espaço na zaga experiente do time,
poucos meses depois foi negociado e sua carreira decolou – Roma, Paris
Saint-Germain e, agora, seleção em cerca de um ano. Pelo menos esse eu vou não
precisar procurar no Google!
Bela sacada Pedro. Gostei do texto rapá
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