sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Neymar poderia ter sido um Diego Costa


O episódio envolvendo o atacante Diego Costa expõe mais um pouco de uma realidade no futebol brasileiro: a fuga cada vez mais precoce de talentos.

Observando os jogadores da seleção de hoje, ninguém se lembra de David Luiz ou Hulk disputando o Campeonato Brasileiro. Você saberia de onde saiu Dante e Luis Gustavo sem olhar no Google? Todos foram para fora ainda antes de se consolidarem como destaques do futebol nacional.

Mesmo caminho tomou o forte goleador sergipano, que ainda adolescente deixou o futebol brasileiro à Europa. Buscando seu lugar em times médios de Portugal e Espanha, deslanchou vestindo a camisa do Atlético de Madrid – é o atual artilheiro do Campeonato Espanhol e destaque dos colchoneros há mais de uma temporada.

Nos últimos dias, viu-se diante de um dilema. Ser mais um ilustre desconhecido com a amarelinha ou aceitar o convite para representar o país que o viu nascer para o futebol? Tomou uma atitude corajosa e coerente. Vai defender a Fúria.

Penso que, talvez, por pouco o Brasil poderia ter perdido Neymar numa jogada parecida. É conhecida a história de que quando o garoto tinha 14 anos foi levado para conhecer o Real Madrid, que queria contratá-lo. Seja por saudade de casa ou por qualquer maquinação de bastidores o futuro craque – e, principalmente, seu pai – recusaram a oferta e ele voltou a Santos. Poderia hoje ser um espanhol nascido em Mogi das Cruzes e uma das principais esperanças da seleção europeia para conquistar o bi mundial.

Neymar e sua equipe souberam administrar bem a “ansiedade” em levar o mais ousado & alegre jogador brasileiro para a Europa. Primeiro, ele fez história no Peixe se impondo como gênio da bola. Fora de campo gravou demoradamente a imagem de popstar nas retinas de fãs, patrocinadores, mídia. Foi embora quando já não havia mais degrau a alcançar dentro do país – pelo menos não individualmente.

Diego Costa não teve a mesma sorte. Com a camisa do Brasil, mesmo que artilheiro do espanhol, seria visto como mais um Hulk.

Da última convocação, outros nomes seguem a tendência sucesso/anonimato.


Responda rápido, corintiano: quem foi o campeão da Libertadores 2012 com a 10 nas costas? Foi Marquinhos, o juvenil zagueiro que herdou inscrição de Adriano, dispensado. Sem espaço na zaga experiente do time, poucos meses depois foi negociado e sua carreira decolou – Roma, Paris Saint-Germain e, agora, seleção em cerca de um ano. Pelo menos esse eu vou não precisar procurar no Google!

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