Morreu Lou Reed.
- O que?! Esse filho da puta não pode morrer. Eu nem
conheço ele!
Esse foi meu pensamento. Insensível e implacável, a Morte
não me deu chance. 71 anos não foram suficientes para que desse tempo de eu
entrar em contato com sua obra. Confesso, nunca tinha ouvido nenhuma música de
Lou Reed. Não saberia dizer seu estilo soava punk, pop, metal, romântico ou
sertanejo.
Poderia repetir o que já li, mas não opinar sobre o que
já ouvi, o que é bem diferente.
Reed faz parte da lista de ícones da música que me aguardam
ser apresentados. A lista é maior do que gostaria, inclui Patti Smith, Bob
Dylan, Bruce Springsteen, Elton John, Frank Zappa, Prince, Stevie Wonder... Para
ficar apenas nos artistas solo. Cada um terá sua hora.
Talvez eu esteja mentindo. Já ouvi Lou Reed. Esse cara
não me é estranho. A obra do Joy Division está impregnada de Lou Reed, assim como
a do Radiohead. Tenho certeza que do The Cure ao Cazuza, todos tiraram um
pedaço do veio turrão para se inspirar.
A banda de Lou, o Velvet Underground, faz parte daquela
galera que lançou seus primeiros discos nos anos finais da década de 60 e deu
uma guinada definitiva na história do rock. Classificaria como os primeiros
caras a fazer rock sem um sorriso no rosto. Destaco: o Velvet, The Doors, Black
Sabbath, The Stooges.
Como é cafona lamentar a morte de um cara que você não
ouve! Admito.
Por outro lado, foi o empurrão definitivo para finalmente
ouvir. Minhas primeiras impressões: Velvet Underground tem muito do folk, muito
de um rock alternativo que soa muito contemporâneo – mais uma prova do alcance
de sua influência. Aliás, mais alternativo do que rock.
Meu pai começou a ouvir Beatles e virou fã a partir da
morte de John Lennon. Passou seu gosto para mim. Insensível, a Morte nem
percebe que dá nova vida a quem leva embora.
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