Em meio a novas posições brasileiras a respeito do Irã, abstenção em combater Gaddafi (concordando com os outros Brics) e ainda discutindo a recente visita de Obama (o que diabos quer dizer esse "apreço"?) chega aos cinemas a animação em 3-D "Rio" que traz o Brasil aos holofotes enxergado com os óculos de Hollywood.
Ainda não assisti ao filme, mas pelo que fiquei sabendo, temos muito do velho clichê de país tropical, em que pessoas sambam enlouquecidas pelas ruas acompanhadas de araras e distribuindo macacos pro Stallone. Ok, ok, a natureza brasileira é realmente maravilhosa e única, mas poxa vida, essa brasilidade de exportação não é vivida por todo habitante canarinho.
Muitos brasileiros podem passar a vida inteira sem topar com um índio e com certeza os postes não são poleiros para papagaios e araras. Insistem em retratar nosso país de uma maneira distorcida, exagerada. Olha, adoro um pão de queijo, pé de moleque e acarajé. Mas o acarajé que eu como é vendido por uma senhora negra numa saia armada branca. Ela se folcloriza para vender o acarajé pra mim. Não é uma coisa que se integrou no meu cotidiano de paulista do interior, saca? É diferente do pão de queijo que está presente até no boteco chinês mais obscuro.
O caso é que a sociedade brasileira é essencialmente urbana, pasteurizada. São heróis os que preservam a cultura brasileira. O samba é popular por aqui? É sim. Mas o samba se fundiu à música pop, numa alquimia muito peculiar. A Garota de Ipanema é folclore para as massas. Inimigos da HP é entretenimento de verdade. A distância é quilométrica, mas é o máximo de verdade que podemos dar sobre o quanto o brasileiro de hoje gosta de samba.
Quer um exemplo de uma coisa que coincide com a imagem do Brasil lá fora e a relidade? A paixão pelo futebol. Isso é genoíno. De cada dez brasileiros, pelo menos uns 8 são fanáticos por um time. Ou pelo menos torcem de leve. Se o comportamento extremo diz algo sobre uma sociedade, no Brasil não temos conflitos por religião, mas briga de torcedores rivais mata.
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