quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Meu 77 ainda vai vir

Sou um corinthiano nascido em 1989. Não vi a democracia de Sócrates e Casagrande. Estava nas fraldas quanto o time de Neto conquistou o primeiro campeonato brasileiro. Só fui testemunha da corinthianice a partir do glorioso time de 98-2000. Isso quer dizer que nem cogitava vir para o mundo quando Basílio deu a bicuda derradeira num dramático bate-rebate em 77.

Eu não tava lá quando o Corinthians conquistou seu maior título. Muito maior do que um Campeonato Paulista. Foi a comunhão de uma nação inteira. Um batismo no rio Jordão. Um... um... ah, só estando lá pra saber. Eu não tava.

Mas o meu 77 vai chegar. Com a força de um tsunami. Um meteoro devastando a vida na Terra. Sim, meus senhores, sádicos rindo abraçados com suas taças moreno-latinas, o Corinthians ainda vai conquistar sua Libertadores.

Vocês riem porque não entendem a mística de ser corinthiano. Não sabem que há 100 anos esse time vive em ciclos de glória efêmera e penitência longa. Esses flagelos só fazem crescer o amor. A frustração é o alimento da devoção. Não é a toa que o clube é associado às camadas marginalizadas e menos escolarizadas da sociedade. Só um limitado mental pode ter prazer numa relação assim.

Eu sinto no ar, ano a ano, a cada Libertadores a maré puxando toda a água da areia em seu serviço de canalizar cada gota de energia para o tsunami de êxtase que vem vindo. Não dá pra domar a força do mar, diz o teorema de Gessinger. O homem não pode lidar com o poder da natureza, ainda mais quando há um oceano de homens represado há décadas.

Quando o título da Libertadores vier e o Corinthians assinar seu atestado de gente, conversaremos. Mas só depois de sentir a onda devastadora em todas direções. Aí sim, depois de ver algo grande, algo realmente mágico.... Ah, quem será o Basilio?

Meu 77 ainda vai vir, eu estarei lá para ver e conto pra você.



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