domingo, 13 de outubro de 2013

Futebol


“A rodada tinha tudo para ser perfeita para o São Paulo. Meu domingo acabou depois do pênalti. Era melhor que o juiz nem tivesse marcado nada”. Após ler o comentário do torcedor, o radialista do programa pós-jogo tenta tirar por menos. “Pô, não fica assim não, Douglas. Não acabou o domingo não, curte o domingo. Isso é... Futebol”.

Talvez o locutor quisesse dizer que isso é “diversão”, é “entretenimento”. “Ô Douglas, fica assim não que isso ai é só brincadeira”. O problema é que assim ele falaria como aqueles que dizem “o time ganhando ou perdendo eu não vou ficar mais rico nem mais pobre. No dia seguinte tem que trabalhar e os caras lá continuam tudo milionário”. Esse pessoal não entende quando a explicação é que isso é... Futebol.

Mais do que esporte. Mais do que um programa na TV. Maior que...

Para você entender, vou tricotar aqui uma teoria de fim de domingo. Se o comportamento extremo de uma sociedade diz algo sobre ela, no Brasil temos a seguinte situação: aqui ninguém mata ninguém por causa de religião, mas tem gente que morre por causa do futebol.

Nas cadeiras vermelhas do Morumbi o “Show do Intervalo” foi dos melhores momentos da borracha militar castigando a carne de gente que adora uma confusão. Estão dizendo que os torcedores do São Paulo queriam vencer a barreira para chegar à torcida do Corinthians – e não era para dar os parabéns pelas defesas do Cássio.


Futebol faz o são-paulino Douglas perder o domingo porque uma bola de borracha não passou entre dois postes separados por 7,32 metros. Futebol fez outros tantos são-paulinos enfrentarem a fúria da borracha da polícia. É também o futebol o responsável por este corintiano se sentir um pouco mais rico.